Palavras italianas incorporadas à Língua Portuguesa
Os descendentes de italianos sabem muito bem quanto é bom fazer uma visita aos nonos, principalmente quando no almoço é bigoli e o café é com graspa.
Brincadeiras e exceções à parte, ainda que muitas vezes não seja tão evidente, nosso vocabulário está recheado de palavras italianas. As que aprendemos na casa dos avós são geralmente parte de um dialeto e, no Brasil, o mais difundido ainda é o da região do Vêneto, de onde partiram grande parte dos imigrantes entre o final do século XIX e o início do século XX, na chamada “grande emigrazione” pelos italianos.
Os dialetos são uma marca importante da Itália até hoje, resquícios fortes do tempo em que as regiões eram reinos separados politica e socialmente. Entretanto, o italiano sempre foi símbolo de união da nação e espalhou por muitos países, inclusive dentro da Europa, termos únicos, principalmente relacionados à arte e à cultura erudita, que se desenvolveram com força e pioneirismo por aqui.
Essas palavras foram difundidas, em países como Inglaterra, Espanha e Portugal principalmente por comerciantes de cidades portuárias, como Gênova e Veneza – e pelos artistas, claro, durante o período do Renascimento.
No Brasil, vieram na mala dos mais de 1.500.000 imigrantes que se dispersaram por todas as regiões do país.
De fato, reconhecemos facilmente palavras da culinária, como pizza, espaguete, risoto, panetone e polenta, como sendo tipicamente italianas. Espaguete, por exemplo, em italiano se escreve Spaghetti e é o diminutivo de spago, que significa barbante. E mais: é no plural. O singular de spaghetti é spaghetto. Mas é algo a que dificilmente alguém se refere. Então, podemos dormir em paz.
Na música, palavras comuns como violino, piano, maestro, concerto e partitura também são italianas. Além dessas, há outras mais específicas como adágio e alegro, que faz lembrar Vivaldi e querer comprar uma vila veneziana.
Desenho, aquarela e têmpera são heranças das artes visuais. Bússola e soldado, termos militares. Já os comerciantes de Florença nos emprestaram bancarrota (que literalmente significa quebrar a banca), concordata, crédito e débito.
Outras palavras derivam até mesmo de nomes de pessoas, como maquiavélico, de Niccolò Macchiavelli, escritor de O Príncipe; e cicerone, de Cícero, que tinha fama de ensinar com eloquência.
Por fim, é legal lembrar de palavras italianas que sofreram um aportuguesamento forçado, já que os imigrantes foram muitas vezes proibidos de falar italiano. Essas palavras já existiam no português e acabaram ganhando sinônimos, como pança (que vêm do italiano pancia e em Português é barriga) e paúra (medo, de palavra igual no italiano).
Aposto que você não sabia que conhecia tanto do italiano – e tem muitas palavras ainda que não estão elencadas aqui. Interessante, né? Temos muito mais em comum com a Itália do que parece. E é ótimo saber disso.
Fonte de consulta: http://www.renato.sabbatini.com/papers/italianismos.htm